O Índice IFECAP para o mês de dezembro, registrou queda de 8,22%, quando comparado com novembro de 2020, registrando 114,76 pontos, na série sem ajuste sazonal. Apesar disso, as vendas (+1,18%) e situação geral dos negócios (+2,59%), conseguiram superar os valores registrados em dezembro de 2019.

Em relação ao mesmo período de 2019, o Índice Geral caiu 11,18%, e o Índice Momento Atual apresentou queda de 6,98%. A queda foi influenciada pelas vendas (-5,20%), encomendas (-10,51%) e situação geral dos negócios (-5,61%); sendo todas as variações comparadas em relação ao mês de novembro de 2020.

Haja vista que a pesquisa do IFECAP ocorreu entre os dias 09 e 18 de dezembro, com entrevistas por telefone, ainda restavam 06 dias para o Natal. Diante disso, os resultados das vendas, em dezembro, ainda podem sofrer volatilidades com as compras de “última hora” – reduzindo assim, a queda de 5,20% registrada na pesquisa.

Essa retração pode ser justificada por alguns fatores: antecipação das compras de fim de ano durante a Black Friday; retorno à fase amarela do Plano São Paulo, aumento do número de casos e mortes; fim do auxílio emergencial pago pelo Governo Federal; menor 13° salário para trabalhadores que tiveram seu salário reduzido; e aumento da inflação e desemprego.

Os resultados do Índice Futuro, que registra as expectativas para os próximos três meses, apresentou uma expressiva queda, na comparação com o novembro (-9,80%), registrando 123,72 pontos. Quando comparado com novembro de 2019, o valor se encontra 19,96% abaixo. Os resultados do Índice Futuro se devem, principalmente, às expectativas de encomendas para os próximos três meses, com queda de 10,49% (120,38 pontos), quando comparamos com o mês anterior.

As expectativas de vendas futuras tiveram uma retração de 9,13%, alçando 127,05 pontos – esse resultado também foi influenciado pelos fatores relacionados ao aumento de casos e mortes por COVID-19 e a incerteza do plano de flexibilização das atividades econômicas e do plano de imunização, sendo este alvo de conflitos políticos e sem perspectivas para atingir a maior parte da população. Por fim, uma mutação do vírus e a situação econômica do país também inibem o otimismo para o próximo ano.

Os resultados revelam que as quedas das encomendas atuais e a expectativa futura das mesmas foram os destaques que contribuíram, em maior peso, para a queda do Índice Geral, em dezembro de 2020. Os empresários do comércio paulista relataram durante a pesquisa que estão encontrando, novamente, dificuldades para aquisição de produtos para estoque, além de estarem com um volume menor do que o desejável ou abaixo do necessário.

Os problemas enfrentados com os fornecedores também afetam a expectativa futura de encomendas, mas, neste caso, as justificativas são mistas: a primeira delas é da persistência desse não acompanhamento com a demanda; a segunda é a reação de um início de ano com menor volume de vendas, o que necessitaria de menor estocagem; e por fim, outra justificativa, é o crescente aumento de preços.

“As incertezas econômicas, políticas e as atreladas com a pandemia se arrastaram para 2021, agravando os resultados de nosso indicador de expectativas nos negócios. Em 2020, os setores de comércio e serviços foram altamente impactados pela pandemia; aquele obteve uma recuperação mais rápida, e graças aos benefícios cedidos pelo Governo Federal, em especial, os auxílios emergenciais, o setor recuperou os valores pré-pandemia. Apesar dos grandes esforços financeiros do Governo Federal e Estadual, que afligem as contas públicas, a pandemia ainda está longe do fim e novas medidas precisam ser tomadas, caso o país não queira ver um retrocesso ao crescimento visto nos últimos meses”, complementa o economista e pesquisador do Instituto de Finanças FECAP, Allan Silva de Carvalho.