A BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) acaba de divulgar os números da sua quinta pesquisa mensal, que traz dados referentes às consequências da pandemia nos negócios das operadoras de turismo no mês de julho, além de tendências de vendas, destinos e expectativas de faturamento e retomada entre suas associadas, que representam cerca de 90% das viagens de lazer comercializadas no Brasil.

Em julho, 78% das operadoras BRAZTOA tiveram algum tipo de comercialização. Este indicativo segue crescendo em uma média de 10 pontos percentuais desde o mês de maio. Para 95% dessas empresas, julho foi melhor ou similar a junho.

Neste contexto, uma mudança merece ser destacada. Apesar de estarem bastante abaixo dos números de 2019, o indicativo de empresas que comercializaram até 10% do faturamento do mesmo período do ano anterior perde representatividade, cai de 72% em junho para 45% em julho. Por outro lado, 42% das operadoras, indicaram que o faturamento de julho representa até 25% do que foi praticado no mesmo mês, em 2019. Isso reforça a tese de que os índices de vendas de 2019 não serão atingidos no curto prazo.

A maior parte das consultadas disse ter vendido viagens cujos embarques se concentram no primeiro semestre de 2021, seguidas de viagens que se realizarão em dezembro deste ano. O levantamento mostra que, quanto mais próximo de 2021, maior fica esse indicativo, o que pode ser traduzido pelo aumento da confiança das pessoas em viajar à medida em que elas se sentem mais seguras e, também, pela possibilidade da aprovação de uma vacina. A aproximação da alta temporada também pode ter relação com os números acima apresentados. 

25% das operadoras disseram ter comercializado viagens para embarques em agosto, 33% venderam viagens que acontecerão em setembro, 43% fizeram vendas para embarques em outubro, 50% para novembro, 58% para dezembro e, por fim, a maior parte, 68%, disse ter vendido para viagens que se realizarão no primeiro semestre de 2021. As viagens para o segundo semestre de 2021 começam a aparecer e já fizeram parte das vendas de 38% das empresas.

Considerando as receitas com todas as viagens comercializadas em julho, os destinos nacionais corresponderam a 66% do faturamento e os internacionais, 30%. Fatores como fronteiras fechadas, volatilidade do câmbio, malha aérea restrita e IRRF são indicados como prejudiciais para a retomada das vendas do internacional.

A região Nordeste fez parte das vendas de 100% das operadoras, seguida das regiões Sul e Sudeste (indicadas por 80% das pesquisadas, cada uma), Centro Oeste (40%) e Norte (20%). Entre os destinos nacionais mais comercializados em julho figuram Fortaleza, Natal, Porto de Galinhas, Foz do Iguaçu e Gramado.

No internacional, destaque para a Europa e Ásia/Oceania, ambas presentes nas comercializações de 83% das pesquisadas, seguidas da América Sul (67%), América do Norte (50%), África (33%) e América Central e Caribe (33%). Entre os destinos mais procurados, Portugal, Caribe, Argentina e Maldivas se destacaram.

Surpreendentemente, as maiores preferências dos turistas se dividiram entre viagens com aéreo de longa distância (voos superiores a 2 horas de duração) e as hospedagem em locais de curta distância (até 400 quilômetros), que parece ser uma opção para aqueles que buscam viajar por outros modais.

Destinos de praia foram disparadamente os mais buscados, seguidos de destinos de cidade. Também se destacaram os resorts. Em relação ao tempo, as viagens mais comercializadas foram as de longa duração (mais de 9 dias), seguidas das de média duração (5 a 8 dias).

Viagens para casais foram responsáveis pela grande maioria das vendas, seguidas dos roteiros para famílias com crianças pequenas.

Os pedidos de cancelamento caíram 15 pontos percentuais e alcançaram 73% das empresas consultadas (em junho, esse número era de 88%), evidenciando a tendência de queda, mês a mês, neste quesito, acompanhada desde maio. Entre essas operadoras, 75% apontam que tiveram queda ou simplesmente não registraram cancelamentos no período. Outros 20% disseram que junho foi similar a julho. 

Para a maior parte das empresas pesquisadas (58%), as demissões abrangeram de 26 a 50% das equipes. Finalmente, quando o foco é o faturamento no segundo semestre de 2020, 58% dos operadores acredita que o faturamento não atingirá 50% em relação a 2019.

“O vetor aponta para a melhoria, mas de forma lenta e gradual o que exige uma gestão bastante assertiva das empresas, mas que para atingir novos patamares, carece do apoio do governo, sobretudo para a liberação das linhas de crédito que poderão contribuir para a retomada deste que certamente foi o setor mais impactado pela crise”, reforça Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.