O rei tcheco Carlos IV, em meados do século 14, descobriu que os mananciais termais que brotam no vale do rio Teplá possuem extraordinários efeitos curativos. Por isso, ordenou a construção de um balneário no meio do bosque, que logo passou a ser chamado pelo nome do rei (Karlovy Vary – Termas de Carlos). Séculos depois, Karlovy Vary se transformou no destino termal mais importante da República Tcheca, com suas cinco colunatas, artistas de ruas e luxuoso comércio.

Para entender toda a energia que jaz abaixo da cidade, o melhor começo é percorrer a colunata  Vřídelní ( Termal) que protege o maior e mais gêiser , chamado Vřídlo. Lá, as temperaturas das águas minerais chegam aos incríveis  73°C , e são projetadas em um jato que atinge até 12 metros. No subterrâneo da colunata está uma exposição que mostra os estranhos microrganismos que vivem perfeitamente adaptados as condições extremas, e também como se fazem souvenirs através de sedimentação da água termal em diversos objetos.

Tradicionalmente, se exploram para tratamentos os doze principais mananciais, ainda que o número de fontes em Karlovy Vary seja muito maior, e várias desaguam diretamente no rio Teplá, ou em porões das casas locais. Há séculos os benefícios das águas locais vêm atraindo celebridades, entre elas Johann Sebastian Bach, o czar Pedro, o Grande da Rússia, Karl Marx, Sigmund Freud, numerosas estrelas de Hollywwod, desde Mary Pickford até Robert Redford. Entre os visitantes assíduos também aparece Johann Wolfgang von Goethe a quem a cidade seduziu tanto que durante sua vida a visitou em treze ocasiões.

Dizem que uma melodia tocada pela trombeta de um carteiro de Karlovy Vary teria inspirado Ludwig van Beethoven a compor o motivo principal de sua Abertura em Do maior. O famoso compositor esteve na cidade duas vezes, em 1812, inscrevendo-se de forma inesquecível em sua história. Até os dias de hoje é lembrado o concerto beneficente de Beethoven dedicado ao  balneário austríaco de Baden que em 1812 foi consumido por um grande incêndio. Beethoven se apresentou junto com o violinista italiano Giovanni Battista Polledro na Sala Tcheca  do Grand Hotel Pupp e ganhou a simpatia de todo o público. O ambiente vivo e alegre da vida termal está refletido na Oitava Sinfonia de Beethoven que o compositor romântico alemão compôs aqui. Uma das provas que o legado deste grande músico permanece na cidade é o tradicional festival de música “Jornadas de Beethoven”, que acontece em agosto e durante o qual a Orquestra Sinfônica de Karlovy Vary apresenta o melhor da obra de Beethoven. Por fim, há um impressionante monumento ao compositor, uma escultura de tamanho colossal criada pelo escultor Hugo Uher.

Os últimos dias de junho e os primeiros de julho são dedicados ao festival de cinema de Karlovy Vary, o mais prestigiado da Europa Central e do Leste.  Durante as duas semanas do festival, passam pelo tapete vermelho em frente ao hotel Thermal as maiores estrelas da telona, e toda a cidade vive em festa.   O Festival remonta ao ano de 1947, ainda que o primeiro festival de cinema, similar a este, tenha acontecido na cidade vizinha de Mariánské Lázně  um ano antes. Durante a época comunista, o festival foi incluído entre os eventos similaresque aconteciam em Berlim, Veneza ou Cannes, mas pelo isolamento internacional que existia na época, não chegava a alcançar o reconhecimento que merecia. Só após 1989 o festival começa a ganhar reputação, atraindo cada vez mais a atenção de cineastas e colhendo cada vez mais elogios dos críticos, que sabem que em Karlovy Vary aparecem diretores pouco conhecidos no momento, mas que em poucos anos ganham fama mundial. O festival não oferece apenas excelentes filmes, mas também é uma oportunidade de troca de conhecimentos entre cinéfilos. Nas tendas do festival há sempre um ambiente familiar, e as muitas festas nos bares da cidade permitem uma intensa convivência.