Os doces e bolos das festas juninas são um convite à gula.. E qual ingrediente não falta nessas receitas? Acertou quem pensou em açúcar. Pode ser branco ou mascavo, mas ele vai estar presente. E de onde vem esse item fundamental de pratos doces? O açúcar, como o milho e o amendoim, nasce nas lavouras desse Brasil, em especial no Estado de São Paulo, o maior produtor dessa granífera.

O Instituto Agronômico (IAC-APTA) é referência nacional e exemplo para os países interessados na viabilização da canavicultura sustentável. Resumidamente, o objetivo da pesquisa é melhorar a planta da cana para que ela produza mais açúcar por área e seja mais longeva no campo.

A sacarose, que gera o açúcar, está presente no colmo – aquela parte que o garapeiro mói para fazer garapa. E o teor de sacarose é um dos dois fatores que compõem a produção de açúcar. O outro fator é o peso total da cana produzida em determinada área. No Centro-Sul do Brasil, a média produzida nos canaviais é de 10,5 toneladas de açúcar, por hectare.


Segundo o pesquisador do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, atualmente a pesquisa mira alcançar de 13-16 toneladas de açúcar, por hectare, dependendo do investimento e do manejo adotados. Landell esclarece que em condição de sequeiro (a cana não irrigada) já atinge 15 toneladas, por hectare, em lavouras onde são adotadas as recomendações do Programa Cana IAC, incluindo o bom manejo de nutrição e de água, adoção de variedades IAC, a tecnologia do Terceiro Eixo e outras que focam a verticalização da produtividade agrícola. Com irrigação, é possível obter 17 a 18,5 toneladas de açúcar, por hectare.

Uma das estrelas . que não pode faltar na comemoração, é o quentão, bebida à base de cachaça que aquece neste tempo frio, e os doces, feitos com amendoim, milho verde, batata-doce e abóbora. Em comum, quentão e doces juninos tem a cana-de-açúcar, produto agropecuário mais produzido no Estado de São Paulo.  

Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) mostram que São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. Na safra de 2020, o Estado espera produzir 441,7 mil toneladas de cana, produzidas em 6.156 mil hectares. O Valor da Produção Paulista de Cana foi de R$ 30 bilhões na safra de 2019. As principais regiões produtoras da cultura no Estado são Barretos, Orlândia, Ribeirão Preto, Andradina e Araraquara. O Brasil é o maior produtor do mundo de cana-de-açúcar, produzindo 630.710 mil toneladas na safra de maio de 2020, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

A cana produzida nas lavouras paulistas vai para a indústria produzir basicamente açúcar e etanol, mas também pode ser processada para a elaboração da brasileiríssima cachaça.

A cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida no Brasil e o quarto destilado mais consumido no mundo. O Estado de São Paulo é o maior produtor, consumidor e exportador de cachaça do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), de 2020. A capacidade produtiva nacional da bebida, segundo o Instituto, é de 1,2 bilhão de litros por ano, mas a produção nacional gira em torno de 800 milhões de litros anuais. Ao todo, 1% da produção nacional é exportada.

Esses dados mostram a relevância da bebida no cenário nacional e em São Paulo, que produz cachaça de coluna e de alambique de excelente qualidade, segundo a pesquisadora da APTA, Elisangela Marques Jeronimo Torres. “As cachaças paulistas têm ótima qualidade e estão sendo reconhecidas em concursos nacionais e internacionais de destilados”, afirma.

A APTA desenvolve pesquisas com cachaça há 15 anos. No início, os trabalhos buscaram traçar o perfil dos produtores e pesquisar ajustes tecnológicos no processo de produção. Atualmente, a APTA realiza ações de transferência de conhecimento e tecnologia por meio de cursos técnicos e palestras, além de parcerias com outras instituições para realização de eventos relacionados ao setor. “A produção paulista de cachaça evoluiu muito nesses 15 anos. Percebemos hoje melhor profissionalização da atividade e preocupação constante no aprimoramento da qualidade da bebida quanto à composição química em conformidade com a legislação brasileira, além do investimento em barris de diferentes madeiras para envelhecimento, elaboração de blends, embalagens e rótulos mais elaborados e publicidade para o produto”, relata.