A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) divulgou os resultados de uma pesquisa de opinião pública que mostram que os viajantes têm vontade de viajar, mas estão preocupados com os riscos de pegar a COVID-19 durante os voos. Os planos de retomada do setor atendem às principais preocupações dos passageiros. A pesquisa foi feita em 11 países durante a primeira semana de junho de 2020 e avaliou as preocupações dos viajantes durante a pandemia e os possíveis prazos para que voltem a viajar. Esta é a terceira pesquisa desse tipo, sendo as anteriores realizadas no final de fevereiro e no início de abril. Todos os entrevistados fizeram pelo menos um voo desde julho de 2019.

Os viajantes estão tomando precauções para se protegerem da COVID-19: 77% dos entrevistados lavam as mãos com mais frequência, 71% evita reuniões com muitas pessoas e 67% usam máscara facial em público. Cerca de 58% dos entrevistados disseram ter evitado viagens aéreas e 33% sugeriram que evitarão as viagens no futuro, como uma medida contínua para reduzir o risco de pegar a COVID-19.

Três preocupações principais foram identificadas entre os viajantes:

No aeroporto

• Estar em ônibus/trem lotado a caminho da aeronave (59%).

• Ficar em filas no check-in/verificação de segurança/controle de fronteira ou embarque (42%).

• Usar banheiros/instalações sanitárias do aeroporto (38%).

A bordo da aeronave

• Sentar-se ao lado de alguém que pode estar infectado (65%).

• Usar banheiros/sanitários (42%).

• Respirar o ar da aeronave (37%).

Quando solicitados a classificar as três principais medidas para que se sentissem mais seguros, 37% deles citaram teste da COVID-19 nos aeroportos de embarque, 34% concordaram com o uso obrigatório da máscara facial e 33% citaram medidas de distanciamento social nas aeronaves.

Os próprios passageiros se mostraram dispostos a ajudar a tornar o voo seguro, realizando as seguintes ações:

• Passar por medições de temperatura (43%).

• Usar máscara durante a viagem (42%).

• Fazer o teste da COVID-19 antes de viajar (39%).

• Higienizar a área do assento (38%).

“As pessoas estão claramente preocupadas com a COVID-19 quando viajam. Mas também se sentem tranquilas com as medidas práticas que estão sendo adotadas pelos governos e pelo setor de acordo com as orientações do documento Take-off desenvolvido pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Essas medidas incluem o uso de máscaras, a introdução de tecnologia sem contato nos processos da viagem e medidas de triagem. Isso nos diz que estamos no caminho certo para restaurar a confiança nas viagens. Mas isso vai levar tempo. Para atingirmos o efeito máximo, é fundamental que os governos implementem essas medidas globalmente”, disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.

A pesquisa também apontou algumas questões importantes na recuperação da confiança dos viajantes, indicando que o setor terá que comunicar os fatos com mais eficácia. As principais preocupações dos viajantes relacionadas às aeronaves incluem:

Os viajantes estão divididos sobre a qualidade do ar na cabine. Enquanto 57% dos viajantes acreditam que a qualidade do ar é perigosa, 55% deles também acham que o ar na cabine é tão limpo quanto o ar da sala de operações de um hospital. De fato, a qualidade do ar nas aeronaves modernas é muito melhor do que a maioria dos outros ambientes fechados, pois o ar é trocado por ar fresco a cada 2 a 3 minutos, enquanto o ar na maioria dos edifícios de escritórios é trocado 2 a 3 vezes por hora. Além disso, os filtros de ar particulado de alta eficiência (HEPA) capturam bem mais de 99,999% dos germes, incluindo o coronavírus.

Distanciamento social: Os governos aconselham o uso de máscara (ou cobertura facial) quando não for possível manter o distanciamento social, como é o caso do transporte público. Essa medida segue a orientação do documento Take-off da OACI. Além disso, embora os passageiros fiquem sentados muito próximos a bordo, o ar da cabine flui do teto para o chão, limitando a propagação de vírus ou germes para trás ou para frente dentro da cabine. Existem várias outras barreiras naturais à transmissão do vírus a bordo, incluindo a posição dos passageiros virados para frente (limitando a interação lateral face a face), os encostos dos bancos que limitam a transmissão entre fileiras de assentos e a movimentação limitada dos passageiros na cabine.

As autoridades da aviação altamente respeitadas, como a Federal Aviation Administration dos Estados Unidos, a European Union Aviation Safety Agency e a OACI, não fizeram exigências de medidas de distanciamento social a bordo das aeronaves.

“Não é segredo algum que os passageiros têm preocupações com o risco de transmissão a bordo, mas eles podem ficar tranquilos com os vários recursos antivírus integrados do sistema de fluxo de ar e a disposição dos assentos voltados para frente. Além disso, a triagem antes do voo e o uso de coberturas faciais estão entre as medidas adicionais de proteção que estão sendo implementadas pelo setor e pelos governos, seguindo as recomendações da OACI e da Organização Mundial da Saúde. Nenhum ambiente está livre de riscos, mas poucos são tão controlados como a cabine da aeronave. E precisamos garantir que os viajantes entendam isso”, disse de Juniac.

Quase metade dos participantes da pesquisa (45%) indicou que voltaria a viajar alguns meses após o controle da pandemia. Este resultado representa uma queda significativa em relação aos 61% registrados na pesquisa de abril. No geral, os resultados da pesquisa mostram que as pessoas não perderam a vontade de viajar, mas existem obstáculos para que elas retornem aos níveis de viagem pré-crise:

• A maioria dos viajantes pesquisados planeja voltar a viajar para ver familiares e amigos (57%), tirar férias (56%) ou fazer negócios (55%) assim que a pandemia estiver sob controle.

• Mas 66% dos entrevistados disseram que viajariam menos para lazer e negócios no mundo pós-pandemia.

• E 64% indicaram que adiariam as viagens até que melhorasse a situação econômica (pessoal e em geral).

“Essa crise pode ter um impacto muito longo. Os passageiros disseram que levará um certo tempo até voltarem aos seus antigos hábitos de viagem. Muitas companhias aéreas estimam que a demanda voltará aos níveis de 2019 somente em 2023 ou 2024. Vários governos responderam com ajudas financeiras e outras medidas de auxílio no auge da crise. Como algumas partes do mundo estão iniciando o longo caminho da retomada, é fundamental que os governos permaneçam engajados. Medidas de auxílio contínuas, como alívio das regras de uso de slot, redução de encargos ou medidas de redução de custos serão fundamentais por algum tempo ainda”, disse de Juniac.

Um dos maiores obstáculos para a recuperação do setor é a quarentena. Cerca de 85% dos viajantes relataram preocupação de ficarem em quarentena durante a viagem, um nível semelhante de preocupação dos que relatam receio de pegar o vírus durante a viagem (84%). E, com relação às medidas que os viajantes estariam dispostos a adotar para se adaptar às viagens durante ou após a pandemia, apenas 17% relataram que ficariam em quarentena.

Alexandre de Juniac foto divulgação

“A quarentena acaba com a demanda. Fronteiras fechadas prolongam a dor, causando dificuldades econômicas que vão muito além das companhias aéreas. Se os governos desejam retomar as atividades dos setores de turismo, devem tomar medidas alternativas baseadas em riscos. Muitas dessas medidas estão incorporadas às diretrizes do documento Take-off da OACI, como exames antes da viagem para desencorajar pessoas sintomáticas a viajar. As companhias aéreas estão apoiando essa medida com políticas flexíveis de remarcação de viagem. Nos últimos dias, vimos que o Reino Unido e a União Europeia anunciaram cálculos baseados em riscos para reabrir suas fronteiras. E outros países escolheram os testes. Onde há vontade de retomar as atividades, certamente há maneiras de fazer isso de forma responsável”, disse de Juniac.