O cenário de recessão econômica, especialmente o desemprego e a queda na renda do brasileiro, afetaram diretamente o desempenho do varejo de calçados em 2015. Essa foi a conclusão da inédita pesquisa “Painel de Consumidores Brasil”, encomendada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Associação Brasileira dos Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) junto a Kantar Worldpanel. A apresentação do estudo ocorreu no último dia 9 de janeiro, durante o Congresso Brasileiro do Calçado, que antecede a realização da Couromoda, no Expo Center Norte, em São Paulo/SP.

A executiva da Kantar Worldpanel, Thais Ribeiro, conduziu a apresentação, que mapeou o comportamento um universo de 48 milhões de lares brasileiros, o que representa mais de 90% do potencial de consumo nacional. “Através de análises semanais, com as notas fiscais das compras, conseguimos levantar quais os produtos, quantas unidades, dias das compras, valores, entre outros aspectos”, explicou .  Segundo ela, 2015 foi um ano desafiador, mas também de oportunidades. A queda de quase 1% na renda da população foi determinante para os números negativos do estudo. “Todos os segmentos pesquisados tiveram redução”, frisou. No ano de 2015, 77% dos lares compraram, ao menos, um par de calçados, sendo que o consumidor foi às prateleiras do varejo de calçados, em média, 3,9 vezes no ano.  “O consumidor está mais restrito quanto aos gastos, mas segue comprando calçados”, destacou Thais, acrescentando que o preço médio do produto comprado caiu 5,1% em relação a 2014 (para R$ 55,60). Já os gastos totais, também em relação a 2014, caíram 11% e a frequência de compra 4,8%.

Ainda conforme o levantamento, o segmento de calçados mais afetado foi o de femininos, com uma redução de 11,6% no volume de vendas em relação a 2014. Na sequência apareceram os setores de tênis (-10,4%), infantil (-7,7%), masculino (-5,2%) e de chinelos (-4%).  A pesquisa também destacou que o item presente vem galgando posições e já representa 18% do consumo geral. “É um aspecto que pode ser mais explorado pelo varejo. Apesar do cenário adverso, oportunidades surgiram. Precisamos repensar a loja de calçados”, apontou Thaís, ressaltando ainda as oportunidades de produtos voltados para as classes AB – que mesmo diminuindo, registraram queda no consumo proporcional inferior às demais classes.  Representando 27% da população brasileira, a classe respondeu por 34% do total consumido em 2015.

Por Região, a queda maior no volume de compras ficou no Nordeste, justamente a região que estava impulsionando o consumo nos anos recentes até 2015. Conforme a pesquisa, a frequência de compra caiu 9% em relação a 2014. A média brasileira ficou em queda de 4,8%. Na Grande São Paulo a queda foi de 5,13% e no interior paulista 8,9%.

O levantamento constatou, ainda, que lojas de calçados perderam espaço para as lojas de  departamento ao longo de 2015. “A frequência de compra caiu 14,5% nas lojas de calçados e aumentou 19,9% nas lojas de departamento, o que prova que é hora de repensarmos o varejo de calçados”, destacou Thaís.  No recorte por período de consumo, o maior volume de compras foi verificado em dezembro (16,5% do total), seguido novembro (9,2%), janeiro (8,4%), julho (8,4%) e maio (8,2%). “O demonstrativo aponta oportunidades nas datas comemorativas”, disse a pesquisadora. Já quando o assunto são as promoções, os meses de maior destaque são janeiro, maio e setembro.