Ao analisar com preocupação a queda da renda média dos trabalhadores
brasileiros para R﹩ 995,00 no primeiro trimestre, patamar mais baixo
da séria histórica, iniciada em 2012, conforme estudo da FGV Social
divulgado no último dia 15, Rafael Cervone, vice-presidente da
Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
(FIESP/CIESP), afirmou ser prioritário reverter esse quadro. “O
auxílio emergencial do governo é importante e necessário, mas tem
limites. Ademais, o meio mais eficiente e sustentável de inclusão
socioeconômica é a geração intensiva de empregos”, afirmou.

Rafael Cervone foto divulgação



  Os resultados do trabalho da FGV Social significam queda de 11,3% da
renda média em relação aos R﹩ 1.122,00 registrados nos primeiros
três meses de 2020, quando ainda não era grande o impacto da pandemia.
O estudo considera o rendimento recebido do trabalho dividido por todos
os integrantes da família. “A consequência mais perversa é o aumento
das desigualdades, refletido no Índice de Gini, que alcançou 0,674 no
primeiro trimestre de 2021, ante 0,669 nos quatro meses imediatamente
anteriores e 0,642 em igual período do ano passado”, frisou Cervone
(quanto mais perto de 1 estiver o resultado, maior é a concentração
de renda).



  Para o dirigente da FIESP/CIESP, a queda da renda média do trabalho
apontada pela FGV Social indica ser urgente adotar medidas que acelerem
a retomada do crescimento, como as reformas tributária e
administrativa. “Também é prioritário fomentar a indústria
brasileira, que tem perdido competitividade e diminuído sua
participação na riqueza nacional. Precisamos olhar com atenção o que
ocorre no mundo e observar como vários países conseguiram aumentar de
modo significativo a renda per capita. Só conseguiram isso aqueles que,
em período de 15 anos, elevaram a participação do setor manufatureiro
a um patamar superior a 20% do PIB”.



  Segundo Cervone, para atingir esse patamar, a indústria, hoje
representando 11% do PIB brasileiro, precisa agregar ganhos expressivos
de competitividade. “Conforme tenho mostrado às autoridades
econômicas, produzir no Brasil custa R﹩ 1,5 trilhão a mais por ano
do que na média das nações da OCDE (Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico), segundo mostra estudo do Boston
Consulting Group, do qual participaram diversas entidades de classe”.
Nessa conta, os tributos são responsáveis por diferença de R﹩ 270
bilhões e os encargos trabalhistas, R﹩ 300 bilhões.

Para Rafael Cervone “É essencial reduzir os impostos e os custos
atrelados à folha de pagamentos, bem como eliminar os gargalos da
infraestrutura, insegurança jurídica e burocracia. Também precisamos
de uma política industrial, com planejamento e previsibilidade, baseada
em P&D e que inclua linhas especiais de crédito, incentivos à
produção conforme vocações regionais e mercadológicas e regime
tributário incentivador aos investimentos voltados à inovação,
incluindo os bens de capital”, ressaltou o dirigente da FIESP/CIESP,
concluindo: “O Brasil tem potencial, pode e deve promover um novo e
duradouro ciclo de crescimento sustentado e desenvolvimento inclusivo