Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), diz ser necessário encontrar solução para atenuar o impacto do aumento de 39% do combustível anunciado pela Petrobras.

Rafael Cervone foto Tânia Müller

Segundo o executivo é uma ironia que, logo após a aprovação da Lei do Gás pelo Congresso Nacional, haja um reajuste tão elevado no preço do combustível, a partir de 1º de maio. “O impacto médio para o setor industrial será de 31%. Com isso, pagaremos as tarifas mais altas desde o lançamento, em 2019, do programa Novo Mercado de Gás, ocasião na qual o governo havia prometido um choque de energia barata”, ressaltou.

Cervone observa que, nesse período, os avanços foram muito tímidos. Agora, a Lei do Gás estabelece uma possibilidade concreta de participação privada e aumento da concorrência, mas demorará pelo menos mais dois anos para produzir efeitos práticos quanto à abertura do mercado, investimentos e preços menores. Entretanto, a indústria não tem como arcar com aumento tarifário tão elevado quanto o que se prenuncia, neste momento grave da crise da Covid-19. “Temos pleiteado a postergação do recolhimento de impostos, um novo Refis, redução de alíquotas e mais facilidade de acesso ao crédito. Agora, soma-se a essas demandas a busca de uma solução capaz de atenuar o impacto da majoração do gás”, salienta.

O vice-presidente da FIESP e do CIESP, candidato à presidência deste nas eleições de 5 de julho próximo, argumenta que o País, como todo o mundo, enfrenta uma verdadeira guerra contra o novo coronavírus. “Tal situação exige medidas anticíclicas para se evitarem danos ainda maiores à economia, às empresas e ao mercado de trabalho. Na indústria, já temos perdido competitividade ao longo de 30 anos, devido aos impostos elevados e todos os conhecidos ônus do Custo Brasil. O aumento do preço do gás em meio à pandemia será muito grave para o setor. Por isso, esse aumento é intolerável”, conclui.