Após uma bem-sucedida temporada em Paraty (RJ), durante o mês de julho, a exposição itinerante “Far From Home”, da Galeria Nathalie Duchayne, chegou em  São Paulo e fica até o dia 3 de dezembro , na  Casa 38 – Rua Rio Preto, 38, Jardins.  A mostra faz uma homenagem à vida no exílio e conta com a curadoria de Nathalie e de Eduardo Saretta, um dos fundadores do coletivo de arte SHN, em 1998.

 

Muito conhecida na Europa, a francesa Nathalie Duchayne manteve sua galeria em Saint-Tropez, no sul da França, até 2008, quando se casou, em Praga (República Tcheca), com o norueguês Trygve Magnusson. Desde então, o casal vive entre França, África do Sul e Brasil, onde residem em uma propriedade à beira-mar acessível apenas a pé ou de barco.  Inspirada em sua própria história de vida, a galerista decidiu unir artistas brasileiros e estrangeiros que discutem o “estar longe de casa”, as migrações e misturas de povos através de suas obras, sejam elas fotografias, esculturas, pinturas ou instalações.

 

Entre os artistas participantes, nomes como Daniel Melim, um dos principais muralistas brasileiros, Dona Magdalena e Seu Valentim, casal que mora em um quilombo de Paraty e transformou artesanato em arte, Kika Rufino, joalheira contemporânea que mora na Alemanha, Knot, dupla de arquitetos que resgata a marcenaria tradicional, Hugo França, conhecido por suas esculturas mobiliárias, o coletivo SHN e o artista urbano Zeh Palito, que viajou o mundo em projetos voluntários.

 

Conheça os artistas que participam de Far From Home:

Aurelia Cerulei

Bordar histórias é o maior objetivo do trabalho de Aurelia Cerulei, artista francesa radicada em Paraty que usa técnicas de bordado, linhas, agulhas e materiais dos mais inusitados, como peças de louças quebradas, para contar suas narrativas.

 

 

Daniel Melim

Nasceu e tem seu atelier em São Bernardo do Campo, cidade industrial e berço de movimentos políticos trabalhistas no Brasil. Melim estudou pintura e, além de sua importante produção pictórica, tornou-se um dos principais muralistas brasileiros contemporâneos. Tem um permanente trabalho de cunho político-social, realizado junto a comunidades de sua cidade envolvendo graffiti em processos participativos e educativos.

 

 

Dona Magdalena e Seu Valentim

Brasileiros, ambos têm mais de 90 anos e vivem e trabalham no Quilombo do Campinho da Independência, em Paraty.  Dona Magdalena cria personagens que ela corta em peças de madeira, enquanto Seu Valentim inventa a partir de peças de madeira, uma verdadeira arca de Noé. Galinhas, gansos, patos, cães, gatos, bichos da floresta, todos eles estão lá. Juntos há quase 80 anos, eles são a alma do Quilombo e a origem do desenvolvimento artesanal de sua comunidade.

 

 

Hugo França

O artista e designer gaúcho se formou em engenharia e começou a desenvolver seu método de trabalho a partir da observação da natureza nos 15 anos que morou em Trancoso, Bahia, onde percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira. Suas esculturas mobiliárias são criadas de maneira singular. As peças são resultado de sua sensibilidade em perceber uma função para as formas sugeridas pela natureza. Assim, Hugo França faz com a natureza uma parceria criativa e de cooperação ecológica já que toda a matéria-prima utilizada são resíduos florestais encontrados em áreas desmatadas e queimadas no sul da Bahia, em geral, a madeira da árvore Pequi.

 

 

Kika Rufino

Formada em arquitetura pela FAU-USP, Kika Rufino mora na Alemanha, onde faz mestrado em Artes Plásticas, e desenvolve projetos de pesquisa e experimentação em joalheria contemporânea, campo das artes que tem crescido muito, em especial na Europa.

 

 

Knot

O coletivo é formado pelo encontro da arquiteta brasileira Renata Gutierrez (nó) e do woodworker britânico James Rowland (knot), dois apaixonados pela forma, vida e textura da madeira que de Paraty (RJ), onde possuem um atelier no centro histórico, produzem peças feitas à mão usando técnicas da marcenaria tradicional.

 

 

Lena Santana

Nascida em Salvador, Lena Santana mora em Londres. Sua fascinação pela arte da costura começou enquanto trabalhava como figurinista. Esta área foi de grande inspiração para as suas criações, usando os seus tecidos de forma dramática e original.

 

Nicole Mouracade

A artista libanesa, que faleceu em janeiro de 2018, passou por diversos países como Arábia Saudita, França, Itália e Estados Unidos antes de se estabelecer no Brasil. Seu trabalho reflete sua alma nômade, que combina facilmente estilos e técnicas e aborda de forma sutil e silenciosa questões relativas ao tempo.

 

 

Paulo Bento

Paulo Bento é casado com Agilsa, uma das 8 filhas de Dona Magdalena e Seu Valentim, e desenvolveu um trabalho muito único para criar peças com bambu e fibras naturais, que faz em parceria com sua esposa e sua filha.

 

 

Patricia Sayuri

Patricia Sayuri (Bauru, 1988) é artista visual graduada pela Universidade Estadual de Campinas (2009 – 2013). Vive e trabalha em São Paulo. Desde 2013 desenvolve pinturas, esculturas e instalações artísticas a partir de processos manuais têxteis, como o Shibori – técnica milenar japonesa de tingimento e texturização artesanal, tingimento químico e natural, a costura e o bordado. Também realiza pesquisas em sua plantação de índigo japonês, o cultivo da planta, métodos de extração do corante azul natural e sua aplicação. Neta de imigrantes japoneses, mantém seu olhar voltado para sua ancestralidade e para as memórias de suas famílias como meio de construção da sua identidade poética e pessoal, enquanto artista-criadora-artesã e mulher nipo-brasileira.

 

 

O SHN é um coletivo de arte formado por Eduardo Saretta, Haroldo Paranhos, Marcelo Fazolin. Multidisciplinar, o grupo reúne artistas com atuações diversas como artes gráficas, arquitetura, vídeo e grandes pinturas. A serigrafia sempre foi um ponto de partida gráfico para a pesquisa de mídias que o coletivo apresenta nesses 20 anos de atuação.

Sr Valdir e Atelier da Terra

Zeh Palito

Aos 28 anos, Danilo Omwisye viajou o mundo como voluntário de projetos humanitários e transformou sua arte urbana em um sentido global de unificação. Seu trabalho tem sido exposto em países como Alemanha, Argentina, Bélgica, Coréia do Sul, Chile, Espanha, Estados Unidos, Egito, Polônia, Malásia, Tailândia, Vietnã e Zâmbia,  entre outros. Os negros, índios e asiáticos são figuras que fazem parte da maioria dos seus trabalhos, como um manifesto exaltando a força e a beleza das minorias étnicas e culturas pouco expostas na mídia tradicional.