Pela primeira vez presentes na mais tradicional mostra de decoração do país, a arquiteta Patrícia Salgado, do Estúdio Aker, e as sócias Juliana Kapaz e Carolina Oliveira, do escritório Unik Arquitetura chegam à 33ª edição da Casa Cor São Paulo com um projeto inovador o banheiro do Voyeur , que alia tecnologia, humor, design, arte e sustentabilidade em um banheiro funcional e unissex

O espaço de 15 m2, predomina um tom fechado e aconchegante, que remete a uma floresta. Monocromático, o banheiro se reveste de verde, tanto pela pintura das paredes, quando pelo jardim vertical entremeado de samambaias, O layout, em formato de corredor, tem três cabines, sendo uma PNE, e dispostas em sequência, enquadradas dentro de uma “caixa”, ganhando evidência.

A “caixa” que comporta as três cabines é fechada por portas de vidro polarizado transparente, da Intelliglass, o que certamente vai intrigar os usuários, pela questão da privacidade. A solução, no entanto, é imediata: basta fechar a porta e, num instante, o vidro se torna opaco, como um jogo de revela e esconde. Essa “transformação” ocorre por meio de um acionamento elétrico que modifica a transparência do vidro, controlando a passagem da luz. E assim, em segundos, está 100% garantida a intimidade. Daí a escolha do nome do ambiente: Banheiro do Voyeur, afinal, de início, quem entra fica na dúvida se será observado e, em seguida, já percebe sutilmente o toque de humor.

Quem está no lado de fora, na espera, pode descansar da caminhada pela mostra no banco Osso, assinado pelos designers Rafic Farah e Otávio Coelho, da Dpot, colocado junto da parede forrada de plantas vivas e de frente para as cabines, completando a brincadeira de quem está ali como voyeur diante das portas de vidro transparente. O banco é feito de fibra de vidro e seu desenho remete a formas orgânicas, tornando mais intensa a sensação de clima natural.

O conjunto de espelhos “Eus”, assinados por Jaqueline Terpins, completa a experiência sensorial proposta no projeto. Além da sensação de amplitude, reflete a luz e a própria imagem de quem está nas cabines, antes do vidro ficar opaco.

Além do piso de ardósia, da Pantanal Pedras – um mosaico projetado como um quebra-cabeça, que faz alusão aos pisos de cacos de cerâmica típicos dos anos 1950 –, o Banheiro do Voyeur também apresenta outro ícone vintage: uma profusão de samambaias dispostas no jardim vertical, da Scarpato, forrado de plantas naturais, que completam a proposta monocromática, ao mesmo tempo em que trazem textura e volume ao ambiente. Já no lado de fora, na fachada, foi instalado o revestimento cimentício Athos, de Rodrigo Ohtake, lançamento da Solarium que homenageia Athos Bulcão.

Dentro da “caixa”, ao fundo de cada cabine, há um painel fotográfico adesivado, da Urban Arts, cuja imagem traz um caminho dentro de uma floresta, o que dá ao usuário a sensação de que aquele espaço se abre e se prolonga em direção à mata fechada, em total sintonia com a natureza.

De paginação irregular, o piso de ardósia está assentado pelo próprio peso das pedras, sem uso de argamassa, para que, ao final da mostra, as placas – todas numeradas – possam ser facilmente retiradas e reaproveitadas em outros projetos. O projeto sem porta na entrada deixa entrar a luz natural e mantém o espaço ventilado. Além disso, todas as lâmpadas são de filamento de Carbono de LED, otimizando a economia de energia elétrica. A tinta usada nas paredes, da Coral, é à base de água, sem solventes, e, por fim, a “caixa” das cabines é feita com painéis de MDF, da Duratex, recortados em réguas, para facilitar o reaproveitamento em outros ambientes.