Representada no Brasil pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), organismo de direito privado e utilidade pública que certifica, controla e protege os vinhos DOC Alentejo e os vinhos Regional Alentejano, essa região é a maior região de vinhos de Portugal, e a que mais vende, tanto dentro quanto fora do país.

O que marca seus rótulos é a diversidade de uvas usadas na produção, de climas que variam de acordo com o lugar onde as vinhas estão plantadas e de solos, já que no Alentejo encontramos, entre outros, granito, diferentes tipos de xisto, mármore, argila, calcário, areia, e muitas vezes estes solos estão misturados em um só terreno.

A topografia também favorece esta diversidade, já que na região temos uma combinação de serras e planícies que permitem trabalhar com diferentes altitudes, exposições e níveis de maturação diferentes. O Alentejo é ainda o lar dos Vinhos de Talha, tradição com mais de 2.000 anos generalizada pelos romanos nos seus territórios e que só o Alentejo conservou de forma ininterrupta. “Apesar da longa tradição em fazer vinhos, o Alentejo tem-se reinventado, combinando muito naturalmente a tradição, práticas sustentáveis de agricultura mas também a modernidade que o consumidor exige.”

História é o que não falta para o Alentejo. Embora não haja uma data precisa de quando a viticultura começou na região, os indícios mais fortes são de que os tartessos, povo andaluz pré-romano, tenham introduzido a vinha por lá. Fenícios e gregos (que levaram as ânforas ao Alentejo) também contribuíram para o desenvolvimento do vinho na região. Mas o grande impulso ocorreu com a presença romana no Alentejo. Até pelo conhecimento que detinham sobre viticultura, foram eles que firmaram a vocação alentejana para a produção de vinho. A herança dos Romanos pode ser vista até hoje, graças aos Vinhos de Talha, feitos em ânforas de barro, típicos do Alentejo e que hoje se tornaram uma das Denominações de Origem (DO) da região.

Além dos Vinhos de Talha, o Alentejo engloba outras oito DOs, definidas pelas condições específicas de clima, solo e relevo, que emprestam algumas características típicas a cada uma delas.

Mais ao norte, Portalegre é das mais peculiares. O solo é majoritariamente granítico, com algumas zonas de xisto nas partes mais baixas. A Serra de São Mamede marca a região de forma decisiva, seja na altitude onde se encontram as vinhas, que pode chegar a 800 metros, seja na barreira que impõe aos ventos quentes que vêm da Espanha. Portalegre também tem a peculiaridade de guardar algumas das vinhas mais velhas de todo o Alentejo e é lar de alguns dos mais elegantes vinhos feitos em toda a região.

Outra sub-região que tem na elegância a principal característica é Borba. Os solos, ricos em mármore, somados ao microclima especial da região (maior pluviosidade e menor insolação) garantem um frescor e uma delicadeza maior aos vinhos.

Outra zona que prima pela frescura é a Vidigueira,que beneficia-se da proximidade como mar. A Serra do Mendro serve como barreira e mantém a umidade e o frescor dos ventos marítimos, marcando decisivamente o clima na região.

A maior das sub-regiões é Reguengos,marcada pelos solos pobres e pedregosos e pelo clima firmemente continental, caracterizado por verões quentes e secos e invernos muito frios. Por conta destas condições, a região é marcada por vinhos potentes e encorpados.

A sub-região de Redondo tem como característica a proteção oferecida pela Serra d’Ossa, que eleva-se a cerca de 600 metros de altitude. Os solos, como é regra no Alentejo, são heterogêneos, com signficativos afloramentos graníticos e xistosos.

Évora é das sub-regiões com mais tradição no Alentejo. Até o final do século XIX, alguns dos mais disputados vinhos portugueses saíam dali. A filoxera seguida da campanha cerealífera do Estado Novo, que forçou o arranque compulsório de boa parte das vinhas alentejanas, levaram Évora a um ostracismo forçado que foi superado apenas no início da década de 1980. Hoje, berço de alguns dos mais importantes vinhos de Portugal, como o Pêra-Manca, a sub-região parece ter recuperado o prestígio de outrora. Os solos são majoritariamente pardo mediterrâneos e o clima é continental.

As duas sub-regiões mais ao sul são Moura e Granja-Amareleja. Ambas são marcadas pelo clima quente e seco, com temperaturas muito altas no verão e baixas no inverno. Em ambas regiões há forte presença de areia no solo, mas enquanto em Moura há também bastante argilo-calcário, na Granja encontra-se muito xisto. Por conta desse fator, os vinhos de Moura costumam ser mais macios, enquanto os da Granja são marcados pela força e por uma agradável e típica rusticidade.

Além dos vinhos com Denominação de Origem, o Alentejo produz Vinhos Regionais. Levam esta classificação os rótulos produzidos fora das zonas demarcadas ou aqueles que usam uvas não autorizadas para a produção de um DOC.

Outro ponto que marca a diferença do Alentejo é o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) desenvolvido pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). Este Programa, pioneiro em Portugal, gratuito e de adesão voluntária, proporciona aos membros uma ferramenta que lhes permite avaliar a forma como desenvolvem atualmente as suas atividades e oferecer recomendações para, através de melhores práticas, aumentar a competitividade e a sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo. O desafio que se coloca é o de produzir uvas e vinho de qualidade e de forma economicamente viável, ao mesmo tempo que se protege o meio ambiente, melhorando as relações com os colaboradores e vizinhos.