Organizado pela VP – Centro de Nutrição Funcional, referência neste conceito no Brasil a 14ª edição do Congresso trouxe o tema: “Biomas Brasileiros e a Inter-relação com a Teia Metabólica”. O Congresso aconteceu de 13 a 15 de setembro de 2018 no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Na ocasião, a Nutricionista Dra. Valéria Paschoal, Presidente do XIV Congresso Internacional de Nutrição Funcional traçou um panorama global do que será apresentado nesta edição do Congresso e o contextualiza dentro dos pilares da teia das inter-relações metabólicas e da sustentabilidade. 

 

Dra Valeria Paschoal foto Tânia Mùller

No evento foi  lançado o  novo livro da Coleção Nutrição Funcional, da VP Editora, Nutrientes aplicados à Prática Clínica.A obra foi escrita pela Dra. Valéria Paschoal, Dra. Ana Beatriz Baptistella e Dr. Márcio Leandro Ribeiro de Souza,  que pretende  levar um conhecimento científico e prático sobre os nutrientes em diferentes situações clínicas presentes no cotidiano dos nutricionistas., demonstrando a importância dos nutrientes na redução do risco e tratamento de doenças, e na correção e melhoria dos sinais e sintomas associados, ressaltando a importância de suprir as necessidades nutricionais pela ingestão de alimentos. Cada capítulo aborda os mecanismos de ação e a aplicação de cada nutriente, composto bioativo ou fitoterápico, seja por meio da alimentação ou da suplementação, em alterações intestinais, hepáticas, neurológicas, estruturais, cardiovasculares, imunológicas, entre outras, comuns na prática do nutricionista. E o melhor: além do conhecimento baseado em evidências científicas

 

Dentro do congresso, aconteceram inúmeras palestras.  

A nutricionista Gisele França  fez palestra , abordando  os principais compostos bioativos e nutricionais de cada fruto do cerrado; o impacto do consumo destes frutos na saúde cardiovascular – principais benefícios e como e quando utilizar, dentro de um plano alimentar funcional.

 

A chef Ana Paula Boquadi falou sobre os principais compostos bioativos e nutricionais de cada fruto do cerrado; o impacto do consumo destes frutos na saúde cardiovascular – principais benefícios e Como e quando utilizar, dentro de um plano alimentar funcional. dará destaque  as vantagens sociais e ambientais do consumo de alimentos como pequi e baru  

 

O nutricionista Henrique Freire Soares   falou sobre O papel dos Fitoquímicos do Extravismo do Cerrado na Modulação do Estresse Oxidativo, do Envelhecimento Celular e das Cardiopatias , destacando alimentos típicos do cerrado brasileiro, sua composição em nutrientes e compostos bioativos, e quais as ações que estes alimentos podem ter para tratar problemas como colesterol alto e diabetes.  Na ocasião apresentou  receitas simples e rápidas com alimentos como jatobá, pequi, buriti e baru.  

 

A professora Tatiane Fujii em palestra na Arena Genômica Funcional do Congresso Internacional de Nutrição Funcional, falou sobre os mecanismos epigenéticos capazes de influenciar nossa genética, sem necessariamente modificar  a sequência do nosso DNA, essas modificações que podem ser influenciadas por fatores ambientais como a alimentação “acrescentam” informações ao DNA que podem ser transmitidas para gerações futuras, implicando no risco do desenvolvimento de doenças crônicas, como a obesidade.

 

O agrônomo  e pesquisador Nuno Madeira, doutor em Fitotecnia e Olericultura,  falou sobre resgate e promoção do cultivo e do consumo de PANC – Plantas Alimentícas não Convencionais nos Biomas Brasileiros traçando  um panorama atual das PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais – e contextualizá-las nos biomas brasileiros, mostrando inclusive o resgate, como deve ser o cultivo e as espécies que podem ou não ser cultivadas. divide-as em dois grupos principais, as frutas e as hortaliças.A maioria das frutas Panc é perene, de ciclo longo, arbustivas de médio a grande porte e apresentam forte sazonalidade. Muitas delas, como a jabuticaba, o pequi, o butiá, o tucumã e o umbu, entre outras tantas, apresentam grande valorização cultural e são bastante exploradas.  Já as Hortaliças Panc apresentam porte baixo a médio, muitas delas são herbáceas, anuais, umas mais sazonais, outras de ocorrência quase que contínua ao longo do ano.

 

 A pesquisadora Francisca das Chagas do Amaral Souza, do INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – falou sobre os compostos biotativos dos alimentos da Amazônia .O INPA, referência mundial em Biologia Tropical,  hoje, tem como desafio , expandir de forma sustentável o uso dos recursos naturais da Amazônia.O Bioma Amazônia ocupa cerca de 40% do território nacional. Nele estão os estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima e algumas partes do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Também inclui as terras de países próximos ao Brasil, como as Guianas, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.

Segundo a  pesquisadora, muitos problemas de saúde pública na região, como desnutrição energético-proteica, anemia ferropriva ainda cursam com certa intensidade e que vêm desafiando as autoridades sanitárias e especialistas há décadas, em especial nas áreas de maior incidência de pobreza. Não obstante, outro agravante que contribui para o debilitado estado nutricional, são as endemias prevalentes, como malária, dengue, leishmaniose e tuberculose. “Desta forma fecha-se um círculo vicioso onde a infecção afeta negativamente o estado de nutrição e a desnutrição resultante afeta a imunidade ou capacidade de resistência do hospedeiro”.

 O professor  doutor Renato Nunes falou “Da Genômica Nutricional ao Interactome Netsork Disease: a nutrição sob um novo olhar “A Nutrição vem evoluindo constantemente nos últimos cem anos e com a evolução, também surgem as novas possibilidades de terapêutica e tratamento dos indivíduos, a busca por uma melhor qualidade de vida e por uma visão mais humana, voltada para a individualidade dos processos metabólicos, sociais e comportamentais, possibilitando a criação e a utilização de técnicas e ferramentas que vem colocando a nutrição como a uma das ciências mais importantes do século. Vislumbramos no Brasil, desde o início da criação dos primeiros cursos com o pioneirismo de Pedro Escudeiro e na atualidade com o Guia Alimentar da População Brasileira, o grande potencial da nutrição como ciência da saúde no país e no mundo”.

A nutricionista Paula Gandin  falou sobre a Integração corpo e mente no atendimento clínico nutricional, cujo  objetivo foi abordar a relação do corpo com a mente e as implicações da pluralidade das demandas da nossa sociedade moderna frente às determinações psíquicas e emocionais no comportamento alimentar e nas respostas hormonais e fisiológicas, refletindo sobre a relevância do papel do nutricionista com olhar integral na condução dos tratamentos e dos atendimentos clínicos.